PORTAL DELL INFERNO
por Marcelo Dias (editor interino)
diasmarcelo@hotmail.com

A Coréia do Sul mandou mandou a Itália para os quintos do inferno. Os italianos sentiram que o clima estava quente antes mesmo da partida, anteontem, quando vistoriaram o campo e viram a provocação "again 1966" pintada nas arquibancadas, relembrando-os a derrota sofrida contra a Coréia do Norte, na Copa da Inglaterra. Ontem, ao entrarem em campo, Totti, Vieri e companhia se viram dentro do caldeirão do diabo. Vestidos de vermelho, os torcedores emprestavam ao estádio um tom infernal. Uma faixa estendida completava o ambiente: "Portal do inferno, buraco do gigante".

Bola rolando e foram os donos da casa que se viram numa confusão dos diabos. Ahn perdeu um pênalti logo no início do jogo. Mal sabia ele que, ao final da partida, seria alçado do inferno aos céus pelo gol da vitória. Aliás, inferno ele deve estar passando em casa, já que foi posto à venda por seu clube, o Peruggia, da Itália. Esse sim devia estar com os italianos atravessados na garganta.

Do outro lado do campo, foi Vieri quem percorreu o caminho contrário. Autor do primeiro gol italiano, o atacante se viu diante das portas do paraíso ao ter só o goleiro Lee à sua frente, aos 43 minutos do segundo tempo e chutou para fora a vitória por 2 a 1 e a classificação às quartas-de-final.

O assunto é realmente infernal. Nesta Copa, o diabo até que se apresenta chique: fala francês e valão (línguas faladas na Bélgica), mora em Bruxelas e já tem como inquilinos gente como Zidane, Batistuta, Figo e agora Vieri. Como é um cara mal, o diabo não os tem como hóspedes e cobra aluguel. Afinal, eles têm de pagar por seus pecados cometidos neste Mundial (gols perdidos, soberba, incompetência e por aí vai).

Nesta batalha dos diabos, o Japão também sucumbiu à cor vermelha, para alegria dos coreanos (do sul e do norte), que querem mais é ver os nipônicos ardendo no fogo eterno. Em 1910, o Japão invadiu a Coréia, tomando-a do controle soviético e fazendo-a colônia até o fim da Segunda Guerra Mundial. Nesse período, cerca de 200 mil mulheres foram estupradas pelos japoneses. A mais recente guerra entre Coréia do Sul e Japão aconteceu nos anos de preparativos que precederam a Copa. Um queria ser melhor do que outro em organização, beleza, estádios modernos, em tudo. Enfim, os coreanos comemoram duplamente: a sua vitória e a derrota dos rivais. Agora, é a vez da Fúria espanhola se ver com o caldeirão sul-coreano.