FALANDO SÉRIO - FGV
ENCERRANDO O ASSUNTO - 2ª edição
Além de observar o quão vagabundas são aquelas meninas da festa da FGV, o quão safados são os carinhas flagrados pelas câmeras da XV Giovanna, o quão pervertida e machista é a nossa sociedade, percebo também o quão desatentos são vários dos náufragos que deram com os costados aqui. Muita gente só viu as fotos e sequer leu o que escrevi sobre o que acho disso tudo. Quando achincalho aquelas garotas, também acrescentei que incluo nesse mesmo balaio os caras que estavam com elas, à procura de um pedaço de carne para se divertirem.
Hoje, infelizmente, as mulheres foram reduzidas a isso: um mero pedaço de carne, um objeto sexual. Uma prova disso é o grupo É o tchan, que nada mais é do que a exploração de bundas redondinhas. Um sucesso. O mesmo fazia Sérgio Mallandro com as suas malandrinhas. O mesmo faz o Gugu, antes com a banheira e agora com suas assistentes com microshortinhos-encravados-na-bunda. O mesmo fazem esses manés pitboys.
A indústria da moda também explora isso, com roupas cada vez menores e mais colantes. Pior: as mulheres adoram isso, como se fosse para se exibir na rua. O mesmo fazem os homens com camisetas justas e ridículas, malhação exagerada para definir corpos etc. Mais grave ainda é ver que crianças começam a partilhar desse modo de vida. A festa da FGV foi uma amostra visceral de como estamos e não quero saber se me acham nojento se coloco as fotos aqui e se esculacho aquelas vadias, porque são isso que elas são. E o mesmo se diz aqueles garotos.
Além disso, que valores terão os filhos dessa gente? Quem diz hoje que cada um faz o que quer com o corpo não deixa de ter razão. O problema é que isso será passado para os filhos e essa máxima pode virar regra em 20, 30, 50 anos. Fazer o que quiser sim, mas medindo as conseqüências e seus limites, com responsabilidade. A vida não é uma aventura apenas. É um desafio a ser vencido.
Ah, sim. As imagens estão aqui para que se reflita sobre isso também. Claro que o desejo de exibi-las foi incontrolável. Afinal, também sou um produto da sociedade podre, onde o sexo é parte de uma indústria. Mas não quero que meus filhos tenham esses valores. Num primeiro momento, claro, foi engraçado ver aquelas garatas pagando boquete e trepando na festa. Passada essa euforia, veio a hora de pensar sobre o que tudo aquilo representa. Cada um tem o direito de fazer o que quiser com o corpo, mas há responsabilidades e conseqüências por trás de cada gesto. Cada ação gera uma reação, dizia Einstein.
Aliás, o quem te de mulher achando que estou com inveja por não estar na festa e não ter comido aquelas garotas não está no gibi. Lindas, essa revolta, para mim, só acontece porque vocês são filhinhas de papai, das quais, muitas, descontentes com a mesada, abre as pernas para conseguir mais um trocado, unindo o útil ao agradável. Se fossem meninas de rua, a reação seria outra, que seriam cadelas de rua agindo como animais no cio. Como dizia Moreira da Silva em sua enorme sabedoria, "Vou apertar, mas não vou acender agora. Se segura malandro, pra fazer a cabeça tem hora".
O caso ganhou repercussão nacional porque havia um engraçadinho ali que teve a idéia de sacanear todo mundo, ciente da demanda desta indústria do sexo e tacou tudo na rede. Aliás, tem um site, o
Bares, especializado em divulgar festas. Coincidentemente, eles estavam lá na XV Giovanna e a tal da Sílvia é fotografada com outras amigas do lado de fora. Quem garante que não foram eles que armaram isso? Mas voltando à vaca fria. Quem estava naqueles quartos devem estar repensando a vida agora. Há quem defenda que as fotos são nojentas e quem as divulga mais ainda. Já acho que temos mais é que disseminá-las por aí, como achincalhe e como forma de repensarmos o que estamos fazendo da vida.
E como já disse antes: sexo é uma coisa e putaria, outra. Liberdade não é libertinagem e as prostitutas cobram e têm dignidade.