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Robinson Crusoé`s Island

Frase de garrafa:
Zico é meu guia e nada me faltará!
Sabedoria rubro-negra

A estrela se apaga

De Garrincha, Didi, Nilton Santos, Gerson, Jairzinho, Paulo César Caju, Heleno de Freitas e Túlio, todos heróis de General Severiano, a Esquerdinha, Galeano, Odvan, Ademílson e Rodrigão, marcados para sempre como carrascos do Glorioso após a derrota de ontem para um desfalcadíssimo São Paulo, por 1 a 0.



Torcedora chora ao fim do jogo: começo do pesadelo


Um time com toda a sua história não merecia despencar para a segunda divisão brasileira com um bando de jogadores de aluguel. Apesar de o jejum de 21 anos sem título ter se encerrado em cima do Flamengo, em 1989, com aquele gol roubado do Maurício, que empurrou o Leonardo, mesmo assim tenho simpatia pelo Botafogo. Sem falar no 6 a 0 imposto em 1972 e devidamente devolvido nove anos depois.



Botafogo 6 x 0 Flamengo, Brasileirão de 1972: surra histórica


Muito menos poderia imaginar que um time como o Palmeiras, que dominou a última década com dois títulos nacionais, uma Copa do Brasil, uma Taça Libertadores das Américas, com um vice, e um vice-campeonato mundial em 1999, que um clube assim pudesse desmoronar como um castelo de cartas. Da decisão do Mundial Interclubes, em Tóquio, para o rebaixamento à segundona três anos depois. Como pode? O Verdão precisava ganhar e tomou de 4 a 2 do Vitória.



Nem o Rei entende

Nem mesmo Pelé tem a resposta para a derrocada alvinegra. "É verdade, não dá para acreditar! Imagino como deve estar se sentindo o Nílton Santos, símbolo vivo de um clube que, na década de 60, ao lado do Santos, Real Madri e Benfica, estava entre os melhores do mundo. Não é possível que um clube que teve um Garrincha, Didi, Heleno de Freitas, entre outros grandes jogadores do futebol brasileiro, passe por essa humilhação".

O Negão não fica por aí e lança um alerta para os co-irmãos do Botafogo: "Lembro o drama do Flamengo, que só escapou do rebaixamento em função de derrotas de clubes que brigavam para não serem rebaixados; do Vasco, que esteve ameaçado e se reabilitou nas últimas rodadas; e do Fluminense, único carioca entre os finalistas, que chegou à Terceira Divisão". Palavras de Rei.



Jairzinho, o Furacão de 70



Frases alvinegras

"O Botafogo está vivendo uma fase inédita. Vou mais a fundo e fico pensando: será que o responsável pelas contratações no clube age por conveniência ou escolhe o jogador porque ele é bom mesmo? Agora, nem assisto mais aos jogos. Mas fico sabendo que o time só empata e perde. Prefiro viver de saudade dos bons tempos. Mas espero que o Bebeto de Freitas dê um jeito porque pior do que está não pode ficar. O Botafogo chegou ao fundo do poço", Nilton Santos


"Minha origem é o esporte e sou contra viradas de mesa. A Segunda Divisão é uma competição que envolve menos investimentos, mas não adianta você estar na Primeira e não conseguir parceiros fortes. Tudo é credibilidade", Bebeto de Freitas, presidente-eleito do Botafogo


"Deixa cada um se virar, eles têm que mostrar a cara", Renato Lourenço Jorge, presidente interino, para um segurança na saída dos jogadores no estádio Caio Martins, em Niterói


"Tinha jogador sem raça e disposição. Pode ver que só os que choraram no vestiários foram os garotos da casa, como Márcio Gomes, Almir, Rodrigo Fernandes, Carlos Alberto, Daniel e Geraldo", Renato Lourenço Jorge


"Um, dois, três, os rebaixados são vocês!", torcedores botafoguenses após o jogo com o São Paulo


"Hoje foi o dia mais triste da minha carreira. Temos que sair dessa logo no ano que vem. Tem sido comum em todos os times a passagem desses jogadores, que não se identificam com a camisa. Depois, quem sofre é a gente que fica", Daniel, meio-campo prata da casa


"Quase desmaiei de tanto chorar. Você olha no rosto de cada um e vê que os da casa estão abatidos. A gente se doa mais em campo e o Odvan ainda chegou a dizer que somos pipoqueiros. Depois eles vão embora e a gente fica na lama, mas vamos sair dessa", Geraldo, também cria do Fogão


"Quero ter a chance de levantar aquilo que ajudei a derrubar. Prefiro ficar aqui a ir para um time grande da Primeira. O torcedor veio nos apoiar e merece todo esforço", Sandro, zagueiro de aluguel


"Rubens é o jogador dorzinha. Rodrigão fez 20 gols pelo Inter. Só não sei como. E o Galeano se matou com aquela declaração de que não gostaria de fazer gol no Palmeiras", Renato L. Jorge


"Fico mais triste pelo clube. Claro que pessoalmente também sinto, mas não somos nada perto das tradições do Botafogo", Carlos Germano, goleiro vice-campeão mundial na Copa da França, em 1998.



Times
1989, fim de jejum


Tem coisas que só acontecem ao Botafogo. Foram 21 anos de fila até aquela noite de 21 de junho: 12 minutos do segundo tempo. Bola na área para o ponta-direita Maurício (7) domina, derruba um defensor rubro-negro e faz o Maracanã explodir em branco e preto. Nem parecia que a temperatura ambiente era de 21 graus. O calor da torcida era imensamente maior. Botafogo campeão estadual! Agora, as superstições. O último título alvinegro foi em 1968, cuja dezena invertida dá 89; 12 invertido dá 21; 7 vezes 3, 21. Os astros conspiraram a favor da Estrela Solitária.



Maurício, o herói do título


O time campeão: Ricardo Cruz, Josimar, Wilson Gottardo, Mauro Galvão e Marquinho; Carlos Alberto, Luisinho e Vítor; Maurício, Paulinho Criciúma e Gustavo (Mazolinha). O técnico era Valdir Espinosa, o mesmo que levou o Grêmio ao Mundial Interclubes, em 1983.



1995, um ano maravilhoso

Era a final dos sonhos, dos dois clubes que proporcionaram os maiores clássicos de todos os tempos, tamanha era a constelação que desfilava com aqueles mantos nos anos 50 e 60. Os elencos, claro, mal chegavam aos pés daqueles, mas havia Túlio Maravilha em campo. Decisão do campeonato brasileiro, Vila Belmiro. O primeiro jogo, no Maracanã, foi vencido pelo Botafogo por 2 a 1 e o empate daria o título ao Glorioso. Bola rolando e lá vai Túlio abrir o placar, aos 25 do primeiro tempo, completamente impedido após uma cobrança de falta. O Santos empataria no segundo tempo. Final: 1 a 1. Pela primeira vez, o Botafogo era campeão brasileiro, façanha que nem Garrincha, Didi, Nilton Santos e cia conseguiram. Alguém aí vai falar em Taça Brasil, pode ser.



Time campeão: Wagner, Wilson Goiano, Wilson Gottardo, Gonçalves e André Silva (Moisés); Leandro Ávila, Jamir, Beto e Sérgio Manoel; Donizete e Túlio. Técnico: Paulo Autuori



"Túlio Maravilha, faz mais pra gente ver..."



Anos dourados

Não tinha para Flamengo, Vasco, Fluminense, Bangu nem América (quando estes dois ainda tinham craques em campo). No Rio da década de 1960, não havia elenco que fizesse frente a Nilton Santos, Garrincha, Amarildo, Quarentinha, Zagallo e cia. Todos jogavam por música. Era uma orquestra afinada em campo que só não conquistou o mundo porque havia um certo Santos. Era a época do romantismo, quando a televisão nem colorida era. Tudo era preto e branco, como o Botafogo. Como as lembranças dessa época, hoje já amareladas. Eis os bicampeões de 1961/62: Manga, Joel, Zé Maria, Nilton Santos e Rildo; Aírton e Arlindo; Garrincha, Quarentinha, Amarildo e Zagallo.



Com Garrincha, Amarildo e Zagallo era até covardia



Mané comemora um gol contra o Flamengo


Passaram os anos e os monstros sagrados não jogavam mais, mas havia em campo gente como Gerson, Jairzinho, Roberto e Paulo César. Mas não importava. O brilho da estrela continuava intenso. E foi assim que o Botafogo conquistou seu derradeiro bicampeonato estadual (1967/68) antes do jejum de duas décadas. Eis o time-base: Cao, Moreira, Zé Carlos, Leônidas e Valtencir; Afonsinho e Gerson; Rogerio, Roberto, Jairzinho e Paulo César. Zagallo era o técnico.



Naquele tempo, até o Gerson tinha cabelo!



Um, dois, três, os rebaixados são vocês!

Este é o bando que deve ser lembrado para sempre, para que nunca mais gente dessa estirpe (à exceção de Carlos Germano e as pratas da casa) volte a vestir a camisa do Botafogo: Carlos Germano; Márcio Gomes (Rodrigão), Sandro, Gilmar e Rodrigo; Fernandes; Almir, Carlos Alberto, Esquerdinha (Camacho) e Lúcio; Daniel (Geraldo) e Ademílson.



Uma torcida e um sentimento: vergonha

Robinson Crusoé's Island©2002, All rights reserved. Se você chegou até aqui, sabe-se lá como, seja bem-vindo à minha ilhota perdida no meio deste oceano cibernáutico chamado internet.

Sou carioca, jornalista, flamenguista e meio maluco das idéias. O Robinson Crusoé não está no momento. Foi passear com o Sexta-Feira e não voltou ainda. Achei meio esquisito, mas achei melhor perguntar nada... Aqui, você verá de tudo: futebol, política, atualidades, sacanagem e, sobretudo, etc. Aproveite sua estada e volte sempre! Au revoir!