Segunda-feira sem lei
Avenida Atlântica, Rio de Janeiro, tarde de domingo. Milhares e milhares de cariocas se despencam pra Copacabana pra se divertir com o Monobloco, comandado por Pedro Luís, do "Pedro Luís e a parede", grupo daqui do Rio. Alegria na beira da praia, com muita mulher, água de coco, cerveja e animação.
Avenida Vieira Souto, Ipanema, manhã de segunda-feira. Na mesma cidade, no bairro vizinho, onde Tom e Vinícius enalteceram a beleza de Helô Pinheiro nos versos de "Garota de Ipanema", a alegria que se viu horas antes com a Princesinha de Mar deu lugar ao pânico e ao terror imposto por traficantes de drogas. Um grupo desceu do Morro do Cantagalo e atirou granadas no endereço mais nobre da cidade. Em vários bairros do Rio e de municípios próximos (Niterói, São Gonçalo, Duque de Caxias e São João de Meriti), imperou o medo. Nada menos que 38 ônibus foram incendiados ou apedrejados, o comércio fechou, milhares de estudantes não tiveram aulas.
Medo e alegria. Dois sentimentos opostos que convivem no Rio lado a lado, um dando lugar ao outro ao menor sinal. Como diria Fernanda Abreu, "Rio 40 graus, cidade maravilha, purgatório da beleza e do caos".
Rio, 23/02: alegria com o Monobloco
Rio, 24/02: medo na Vieira Souto