O mar tá pra peixe no Rio. E dos grandes. Tubarões cismaram de nadar junto à arrebentação na orla carioca por conta da temperatura quente da água, 25º C, e dos cardumes de sardinha, lanche favorito do monstrengo do mar. Primeiro, foi um adolescente que foi mordido na quinta-feira nos dedos da mão por um galha-preta, um dos tubarões mais perigosos dos sete mares, quando pegava um jacaré em Copacabana. Ontem, foi a vez de pescadores capturarem um anequim, a 400 metros da praia de Grumari, que nadava entre outros nove. Se o galha-preta é um dos mais vorazes, o tubarão anequim é o Carl Lewis do mar.
O bicho é da família dos lamnídeos, a mesma do tubarão-branco (por aí, já dá pra sentir o nível do animal), mas sem a sua agressividade. O anequim atinge quatro metros de comprimento, pesa até 400 quilos, nada a 70km/h e ainda salta fora d’água. Ou seja, o bicho é foda. Por sorte, não é chegado a carne humana. Segundo o Arquivo Internacional de Ataques de Tubarões, há registro de apenas 16 ataques dessa espécie no mundo — nenhum no Brasil — num total de 3.500 catalogados. Dono de uma mordida potente, o anequim tem dentes longos e perfurantes, com bordas lisas. Alimenta-se basicamente de peixes de pequeno e médio portes, mas pode atacar animais maiores em alto-mar. Normalmente, não andam em cardumes.
O professor da Universidade Estadual Paulista Otto Bismarck, um dos quatro representantes do Arquivo, diz que não há motivo para alarme: “Não acredito que o tubarão anequim tenha sido encontrado tão perto da costa. A espécie é perigosa, mas é encontrada apenas em alto-mar. Tubarões sempre existiram na costa carioca, isso não é novidade. A menos que haja um novo ataque num curto espaço de tempo, os surfistas podem manter suas rotinas”.

O anequim de Grumari não foi rápido o bastante e foi parar na panela