This page is powered by Blogger.



Robinson Crusoé`s Island

Frase de garrafa:
Zico é meu guia e nada me faltará!
Sabedoria rubro-negra

Memória ao léu

Estar de férias é também aproveitar o que a cidade tem a oferecer que não se pode aproveitar por causa desse pequeno inconveniente da sociedade capitalista: o trabalho. Hoje, passei o dia no Museu Nacional, aquele mesmo caindo aos pedaços e que um dia serviu à família real, na Quinta da Boa Vista. Um programa bacana e baratinho: 3 pratas pro adulto e de graça para crianças de até 10 anos. Já não ia lá há uns 20 anos. Achei que estaria vazio. Afinal, museu não é exatamente a praia do brasileiro. Que nada! O lugar tava entupido com a molecada toda querendo ver a mesma coisa que eu: a exposição de dinossauros brasileiros, que é excelente.



O Thalassodromeus sethi no Museu Nacional, da UFRJ


Mas neguinho é foda. A primeira coisa que se vê é o esqueleto de um dinossauro enorme desencavado na Chapada do Araripe e vagabundo levou a plaquinha de identificação do bicho. Depois, percebi que só havia um guia no lugar. E só por causa de uma excursão de uma colônia de férias. Nas coleções egípcia e greco-romana, por exemplo, o visitante fica boiando se quiser saber algo mais sobre as múmias ou o porquê da tara dos gregos por pirocas.

A apresentação das exposições tem papéis amarelados, datilografados num português antiquado, com palavras já modificadas pela gramática. Há casos de peças com suas identificações semi-destruídas, rasgadas pelo tempo. Em outros, as informações ficam pela metade, como no caso do gigantesco esqueleto de uma baleia jubarte. Havia o nome científico do bichão, mas faltou a sensibilidade de se acrescentar o nome popular do animal.

Isso tudo sem falar no estado de conservação do palácio, de dar dó, e na ignorância e displicência de alguns pais. Diante de duas preguiças gigantes e da plaquinha de identificação bem na cara, uma mãe disse pro filho que eram dinossauros. Ela é que deveria estar empalhada no lugar das preguiças...

Enfim, acho quer é hora da Petrobras deixar de faturar só com a Williams e de financiar peças de gente famosa para bancar a recuperação da memória nacional. Nessa expedição Em busca dos dinossauros, a mais importante já realizada no país, em 2001, só se viu dinheiro público da Eletrobrás. O resultado foi o melhor possível, descobrindo-se um fóssil de pterossauro inédito, o Thalassodromeus sethi (corredor dos mares), que bateu asas há 110 milhões de anos na Chapada do Araripe (CE). E olha que foi da sedimentação dos fósseis de eras passadas há milhões de anos, entre outros elementos, que se fez o petróleo que jorra da Bacia de Campos... Seria, pelo menos, um agradecimento dos caras.



T. sethi em ação nas águas do Ceará, caçando uns peixossauros...

Robinson Crusoé's Island©2002, All rights reserved. Se você chegou até aqui, sabe-se lá como, seja bem-vindo à minha ilhota perdida no meio deste oceano cibernáutico chamado internet.

Sou carioca, jornalista, flamenguista e meio maluco das idéias. O Robinson Crusoé não está no momento. Foi passear com o Sexta-Feira e não voltou ainda. Achei meio esquisito, mas achei melhor perguntar nada... Aqui, você verá de tudo: futebol, política, atualidades, sacanagem e, sobretudo, etc. Aproveite sua estada e volte sempre! Au revoir!