Quadrilha de toga
Enquanto a esmagadora maioria dos brasileiros tenta sobreviver com parcos R$ 220, tem gente que deveria defender nossos direitos fazendo valer o velho ditado "farinha pouca, meu pirão primeiro". Inconformados com a discussão da reforma previdenciária no Congresso Nacional, juízes e desembargadores do Brasil inteiro iniciam uma greve para garantir seus mais de R$ 20 mil mensais. Não, não é piada de português. Aqueles que deveriam zelar pela Justiça estão se lixando para ela e ainda ameaçam o estado de direito alegando defender a Constituição.
A proposta do governo é fixar o teto das aposentadorias dos servidores a R$ 2,4 mil. Semana retrasada, o PT roeu a corda por pressão da base eleitoral, afinal, depende dos votos do funcionalismo público. Mantiveram tudo como antes até para os futuros servidores, mas exigindo que trabalhem mais cinco anos. Grandes merdas. O Supremo Tribunal Federal e o Superior Tribunal de Justiça já haviam se manifestado contra as mudanças, sustentando a tese de direitos adquiridos. Muito bem. Agora, para enfatizar a sua posição, a turma de toga acena com a possibilidade de cruzar os braços em defesa dos seus salários.
São uns filhos da puta, isso sim. É um escárnio virem com essa desculpa furada de que, defender tal tese, é garantir o estado constitucional. Seguindo com esse pensamento, deixam de lado a isonomia de direitos, pela qual ninguém pode ter mais privilégios do que o outro. Mas neste caso, que se fodam os outros 170 milhões de brasileiros. Mais vale zelar pela lei e por contracheques polpudos do que garantir o bem-estar de todos. Fazendo isso, igualam-se àqueles que mandam para trás das grades. Fernandinho Beira-Mar deve estar gargalhando na prisão. Paredão neles!