Roberto Marinho foi pra vala
Pra vala! Pra vala! Pra vala! Agora sim acredito...
Pode soltar fogos, Brizola. O que ninguém acreditava - nem mesmo o próprio - aconteceu. Doutor Roberto morreu. O maior empresário brasileiro de todos os tempos cantou pra subir ontem. Por mais que o Brizola fale, Roberto Marinho foi foda. Começou no jornal A Noite, de 1911, junto com o pai, Irineu Marinho, e lançou O Globo em 1925. Depois, montou a Rádio Globo. Dono de um império das comunicações que só perdia para os Diários Associados de Assis Chateaubriand, o velho Marinho se valeu da ditadura pra lançar a Rede Globo, em 1965, e se tornou o chefe do chamado quarto poder.
Apoiando os milicos e com a grana da Caixa Econômica Federal, assentou seu poder com os generais, fez meio país achar que as Diretas Já eram apenas shows de música que atrapalhavam o trânsito, teve a mão beijada por presidentes e ainda botou um deles pra correr de Brasília. Agora, só falta o Sílvio Santos bater as botas. Dos grandes empresários da mídia, já morreram Ary Carvalho (O Dia), Adolpho Bloch (Manchete), Nascimento Brito (JB), boa parte dos Mesquita (Estadão) e João Saad (Bandeirantes).
Aos 98 anos, Roberto Marinho, como bem ouvi ontem, era a prova viva de que não existe olho grande. Canalha, juntou-se à turma verde-oliva pra se dar bem na vida, dando a sua colaboração na decoração vermelho-sangue dos porões da ditadura. Mostrou que é possível ser um empreendedor no Brasil, mesmo que sendo filho da puta. Corria uma lenda na redação do Globo que todos estariam proibidos de escrever o seu obituário, aquele texto que os jornais publicam quando alguém famoso morre. O texto existia, mas era guardado a sete chaves e poucos sabiam quem o tinha. Descobriu-se que não havia porra nenhuma pronta! Foi o maior corre-corre pra aprontar o caderno especial do chefe.
FH e Sarney com o dono do 4º poder
Fidel manda flores. Acho que foi de zoação...
Lula, o vacilão, entre Sarney e João Paulo Cunha
Ontem à noite, vi cenas estapafúrdias. Na Bandeirantes, o tal do Leão lembrou a sua morte. E emendou com a atração seguinte do programa: os contos eróticos da Syang. Tudo a ver... Na Globo, teve gente que deve estar no olho da rua agora. Rolava Goiás x vasco, quando os goianos marcam o gol. Só que o locutor não pôde narrá-lo porque lia o editorial da Globo pela morte do chefão. Ele ainda fez uma pausa de meio segundo na hora, num esboço de que narraria o gol, mas alguém berrou pelo fone pra continuar o texto. No Jornal da Globo, Ana Paula Padrão não pôde apresentar os gols da rodada nem um dos blocos de matérias sobre Roberto Marinho e teve de chamar o intervalo.
Dizem que o velho já vivia com a ajuda de aparelhos e que foi pro Hospital Samaritano pronto pra morrer, a última das diversas lendas que rondaram o cara. Havia outras, como a que teria dito o seguinte: "Se um dia eu vier a faltar...", como se duvidasse da própria morte. Houve outra em que ele chamou os filhos pra jantar na mansão do Cosme Velho. Isso nos anos 90, quando Roberto Irineu trocou os pés pelas mãos na fracassada empreitada na TV Montecarlo, em Mônaco. Silêncio absoluto no jantar e o velho Marinho se levantou para o quarto. Antes, se virou para trás e disse: "Só para lembrar, quem manda nessa porra ainda sou eu". E foi dormir.
Agora, o bicho era tão foda que não queria empacotar de jeito algum. Tanto que o caixão emperrou na entrada do túmulo e a Globo teve que cortar a transmissão pra não pagar mais esse mico. No dia seguinte, metade do São João Baptista deve ter sido demitida...
Roberto Marinho à frente do Império 
