Caguei pra SP
"Quando penso em São Paulo lembro de um monte de cocô no Tietê". Acho que essa frase da Rita Lee é ótima pra falar de SP. É uma expressão que reúne muita coisa. Pra mim, não passa de uma cidade de merda, cercada por uma selva de pedra cinzenta e tomada pela poluição, praticamente sem espaços livres e tomada por uma neurose que beira a insanidade. Qual é a graça de se viver num lugar assim, horrível pra saúde? O sujeito respira gás carbônico o dia inteiro. Em casa, abre a janela e aspira uma bela carga de fumaça. Na rua, recebe na fuça outra generosa baforada dos canos de escapamento dos carros. E sem falar nas horas, dias, meses de sua vida perdidos em meio a engarrafamentos gigantescos, cercado por mais fumaça. Acho que se fizerem uma pesquisa, verão que o maior número de doenças respiratórias acontece nessa estranho país ao sul do Brasil.
Bom, virá alguém dizer que SP é a cidade das oportunidades, a locomotiva que leva o país pra frente. Será? Vejamos... O IBGE diz que a maior taxa de desemprego no país é paulistana. Lá, quase 20% da população economicamente ativa está à cata de trabalho. Fica lá também a poderoesa Fiesp, a maior quadrilha formada em todos os tempos no país, cortando empregos e benefícios dos trabalhadores e sonegando milhões, bilhões em impostos. Mas SP tem o maior número de cinemas, teatros, restaurantes e boates do Brasil. E também o lazer mais caro. Sem praia, o paulistano torra seu dinheiro pra se divertir à noite porque não tem alternativa. E na única rota de fuga, rumo a Grumari, encara horas de engarrafamento, chegando à praia na hora de voltar.
Existe uma lenda muito engraçada também, a de que os nascidos na Vila de Piratininga são os mais chegados à labuta, que deles depende o sustento do país. Quanta pretensão! Quer dizer então que nordestinos, nortistas, sulistas, mineiros, capixabas e cariocas são vagabundos? Pois SP não é nada disso agora nem o será daqui a 450 anos.