Isto é Brasil
Apenas pra ver como o código penal brasileiro privilegia muito mais os crimes materiais do que os contra a pessoa. No Rio, em outubro, o pedreiro Newton Ferreira de Oliveira, de 24 anos, que ficou conhecido como o Estuprador da Barra da Tijuca, foi condenado a dois anos e seis meses de prisão em regime fechado por estupro e atentado violento ao pudor. Preso após ataques fracassados a uma adolescente de 15 anos e a duas outras mulheres nas proximidades ao shopping BarraSquare, ele confessou ter estuprado 15 mulheres. O cara violenta 15 e só pega dois anos e meio de cana. Tinha é que levar dois anos e meio seguidos de cano na bunda, todo dia, no mínimo.
Quatro meses depois, em fevereiro deste ano, uma estudante de 25 anos, de Jaboatão dos Guararapes (PE), foi presa por ter matado Fábio Galdino de Sena, que a estuprou e violentou sua irmã e uma amiga, na noite do dia 5. As três saíram da faculdade e iam a um shopping center. Em um sinal, as moças foram abordados pelo bandido, que lhes apontou uma arma, entrou no carro dirigido pela estudante e a obrigou a seguir para uma área deserta, próximo a um lixão.
Lá, ele obrigou a duas delas a tirarem a roupa e as violentou. Quando se preparava para estuprar a terceira, sua arma caiu e a moça a pegou, atirando no marginal. Na delegacia, depois de ter sido seqüestrada, estuprada e espancada, a garota teve de passar a noite na Colônia Penal Feminina Bompastor porque o idiota do delegado, Claurinaldo de Lima, a prendeu por homicídio. A garota foi solta à tarde e o delegado, afastado. Ontem, a moça foi inocentada no inquérito policial.
Enquanto isso, de novo no Rio, os quatro laranjas usados por Reinaldo Pitta e Alexandre Martins para enviar dólares para o exterior no escândalo do propinoduto pegaram três anos de prisão, seis meses a mais do que o estuprador da Barra. E a outra que matou em legítima defesa vira bandida. Isto é Brasil.