Senna e a Tamburello
Muito boa a coluna de hoje do Celso Itiberê, no Globo. Ele trata do artigo escrito pelo ex-campeão mundial Damon Hill sobre o acidente que matou Ayrton Senna. Segue o texto:
Senna e Hill
Damon Hill era companheiro de equipe de Ayrton Senna quando ocorreu a tragédia de Ímola. Tinha nas mãos um carro idêntico ao do brasileiro. Viveu o drama da equipe com a instabilidade do carro, causada pelos pneus, que não alcançavam a temperatura ideal para provocar aderência. Por isso, acho justo que, em vez de sair atirando contra ele, analisemos a sua versão de que um erro de Senna causou o acidente na curva Tamburello.
Segundo Hill, o Williams saiu da pista porque Ayrton insistiu em manter o pé afundado no acelerador, quando deveria ter dado pelo menos uma “telegrafada” (soltar um pouquinho o pedal e apertar novamente) para perder velocidade.
Faz sentido? Sim. A Tamburello é uma curva-reta, daquelas que os bons pilotos fazem sem tirar o pé. Hill sabe disso como ninguém. Por isso, ele diz:
— Embora aparentemente aquela fosse uma curva simples, só eu e Senna sabíamos como era difícil controlar aquele carro, naquela corrida e com os pneus frios.
Prestem atenção às últimas quatro palavras da frase. Foi um fim de semana de guerra da Williams com os pneus, que, em Ímola, precisavam de mais de uma dezena de voltas para atingir temperatura aceitável e se tornar eficientes. Os técnicos da fábrica foram convocados para várias reuniões com Frank Williams. O aquecimento pré-corrida foi cuidado nós mínimos detalhes, mas a bandeira amarela causada pelo toque entre J.J.Lehto e Pedro Lamy, na largada, durou muitas voltas. Andando em baixa velocidade os pneus ficaram gelados e, quando isso acontece, a sensação do piloto na retomada da corrida é terrível. O carro escorrega como se estivesse sobre gelo.
Por outro lado o ex-piloto inglês descarta a versão da quebra da barra da direção antes do choque com o muro. E tem um bom argumento. Ele diz que tanto o carro de Senna como o dele dispunham de direção servo-assistida e que os registros da telemetria mostram que o sistema de assistência atuou até a batida — o que não aconteceria caso houvesse uma quebra na barra de direção.
