Lá! Lá! Lá! Lá! Lá! Brizola!
"Você pagou com traição a quem sempre lhe deu a mão". Foi com esta saudação que o presidente Lula foi recebido hoje no velório do ex-governador Leonel Brizola, no Palácio Guanabara. Tremendo exagero, mas brizolista sempre foi uma raça estranha. Mas foi legal ver Lula sendo enxotado, posto pra correr, depois de apenas três minutos lá. Brizola fez muita cagada quando governador do Rio, mas deixou um projeto de educação que nunca foi levado a sério: o dos Cieps, concebido por Darcy Ribeiro. Além disso, foi um monstro político, um dos heróis da história brasileira ao comandar a resistência à tentativa dos militares impedirem a posse de Jango, em 1961.
O curioso nisso tudo são algumas das declarações de gente que Brizola nem suportava, mas era obrigado a aturar politicamente, como o ex-governador Moreira Franco, a quem chamava de gato angorá e com quem tramava uma aliança nas eleições municipais.
- Ontem mesmo, tivemos uma reunião na casa dele. Ele já estava adoentado e de cama. Conversamos sobre as eleições municipais e o futuro do Brasil. Ele demonstrou confiança e entusiasmo na luta para se encontrar caminhos para combater a desigualdade social do povo brasileiro. É uma perda enorme para o Brasil, já que o país precisa de gente com muita experiência político e isso ele tinha. Era o último representante de uma corrente político-eleitoral. Ele deixa história e um legado e a expectativa é que esse legado não se perca.
O mais sincero me pareceu outro ex-governador, Marcello Alencar, com quem brigou no PDT e partiu para o PSDB.
Durante sua vida, ele desenvolveu a preocupação de enfrentar problemas, alguns até que ele imaginava existirem e eram equívocos dele. Mas sempre com firmeza de buscar uma solução para esses problemas. Isso eu assisti e era uma constante no comportamento dele. Ele preferia sempre a luta. Era vocacionado para o confronto. Quando não havia, ele o procurava. Foi um líder transformador. Queria transformar. Talvez não tivesse as idéias bem nítidas de como fazê-lo. Mas sou testemunha de que ele lutou sempre por suas convicções. Não cabe examinar agora se elas eram procedentes ou descabidas. Ele morreu cedo em função de seu estado de saúde, porque sempre se apresentou muito bem.
Sobre seu relacionamento político com Brizola, Marcello afirmou.
_ Eu, que convivi com o Brizola momentos muito compensadores e outros mais tormentosos, sinto-me sensibilizado e manifesto o meu respeito pela memória dele e pelas coisas que ele desejou e não conseguiu apesar de suas convicções firmes. Acho que Brizola vai merecer sempre uma discussão sobre suas realizações e suas dúvidas.
Aqui tem uma
matéria do Globo On, que mostra bem o estilão do velho caudilho. Bom, São Pedro que prepare os ouvidos...